terça-feira, 8 de setembro de 2009
Criação
Escreve a criança dispersa sobre o altar da inocência,
Numa terra tornada caderno de linhas de fogo
Abertas por dentro da pele onde o sangue se revolve
Com as marés do grito que a garganta não liberta,
Mas que o sangue desenha sobre a tela do chão.
Nos céus desertos onde a névoa planta o seu rumo,
O absoluto dorme
De olhos fechados ao espelho que se compõe no seu corpo.
Cantam na aurora os lamentos dos pássaros moribundos,
Enquanto, em silêncio, os corvos fitam a cruz
Onde a noite se confunde com a palidez dos corpos
E os pregos que sustentam os membros dilacerados
São também eles palavras no cântico da condenação.
Como serenata de inocência estrangulada,
Brota um coro de anjos do labirinto das quimeras
E a terra sangra ao som da sua voz.
Choram os olhos do cego que sente na sua torre
A pulsação dos abismos trementes no amanhecer
E a morte canta nos braços de um soluço adormecido
Onde o rosto do abandono renasce em traços de esfinge
Como num hino ao nada do infinito.
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